terça-feira, 24 de abril de 2007

Capítulo 20


Capítulo 20

Além da beleza


O Jardim sagrado onde Seiya se dirigia, era repleto de grandiosidade. Seu imenso tamanho, era mais uma perfeição superada naquele lugar. Havia flores coloridas e perfumadas por toda parte, mas o seu maior destaque, eram as inúmeras rosas vermelhas. As flores possuíam um brilho jamais visto em nenhum outro jardim. Era possível também apreciar um belo céu de anil, que o clareava deixando-o divino.
Seiya entrou no jardim correndo, não teve tempo nem de apreciá-lo. Parando um pouco para observar, Seiya não precisou de muito esforço para encontrar a deusa. Saori se encontrava caída a alguns passos da entrada. Seiya correu para perto da deusa. Ele se ajoelhou rapidamente e a apóia nos braços.
Ela estava fria e pálida, mas havia uma feição de sorriso no seu rosto.
- Saori... Atena... – os olhos de Seiya estavam cheios de lágrimas. – Por favor acorde... Saori nada respondeu, continuou apagada nos braços feridos do cavaleiro.
- Por favor Saori... Estamos quase vencendo essa luta... Por favor...
- Não adianta Pegaso...
Seiya ouviu a voz da bela mulher atrás dele se aproximar.
Virando o rosto, Seiya a encarou furioso:
- O que você fez com ela?
Ela sorriu levemente.
- Devia me agradecer! Veja o sorriso no rosto dela. Atena morreu feliz, eu a poupei da dor e do sofrimento, dando- lhe uma morte tranqüila.
- Atena não pode está morta... – Seiya recusava a acreditar.
- Não? Então poderia me explicar, em que estado ela se encontra?
Ela parecia feliz ao ver o estado de choque do cavaleiro.
- Você não tinha o direito de fazer isso...
- Não faça drama Pégaso! – começou ela ficando furiosa. - Eu sou uma deusa, tenho o direito de fazer o que bem quiser, agora pelo contrario de vocês cavaleiros de Atena...
- Lutamos pela justiça! – precipitou-se Seiya a dizer.
- Que justiça? A verdadeira justiça está do nosso lado.
- Está enganada...
- Pégaso, não adianta, não vou permitir que um mero mortal questione as minhas decisões...
- Está querendo lutar comigo? – perguntou Seiya aborrecido.
Ela o encarou sorridente.
- Não se chama de luta, a humilhação que você sofrerá em minhas mãos. Um humano qualquer jamais se compara a um deus...
- Vou te mostrar que está enganada.
- Não diga bobagens! Está confiante só por que sua armadura assumiu essa forma ridícula.
Seiya fixou seu olhar mais uma vez em Saori que continuava desacordada em seus braços.
- Não vai querer saber, quem sou eu antes?
Seiya hesitou, mas respondeu com sarcasmo:
- Eu já sei quem você é.
Ela fez cara de admirada.
- Mesmo?
- Claro! Você não passa de mais uma deusa ridícula, que acha que pode tudo, só por possuir inúmera grandeza de poder. Do que adianta o privilégio de ser um deus, se esse alguém só possui maldade na alma... – desabafou Seiya sem pensar.
- Não Pégaso, eu sou diferente dos outros deuses que você já enfrentou. Na verdade aqueles que se diziam deuses, não passavam de semi-deuses. Os semi-deuses, são guerreiros com grande poder divino, mas nunca comparado ao poder de um deus verdadeiro. Eu sou uma deusa, faço parte da hierarquia dos doze deuses olímpicos. Sou Afrodite, deusa da beleza e do amor.
- Você faz parte das doze divindades principais? – Seiya ficou boquiaberto.
- Exatamente! Portanto exijo mais respeito quando se dirigir a mim.
Seiya ficou pasmo, não sabia o que dizer.
- Ainda acha que não tenho direito de fazer o que eu bem entendo?
Apesar de tudo, Seiya manteve a sua palavra, e sem hesitar respondeu:
- Acho!
- O que? – Afrodite pareceu não ouvir direito.
- Não sei o modo que você usou para se livrar de Atena, mas que foi um modo injusto foi. Atena também é uma deusa. Ela não seria derrotada tão facilmente assim...
- Do que reclama? Já falei que Atena teve uma morte tranqüila... – ela fez cara de magoada. – Pégaso, se você se comportasse direito, também te daria o mesmo fim que teve Atena, mas vejo que não é digno de uma morte igual à dela... Terá que sofrer bastante...
- Saori... Por favor... – Seiya não desistiu de tentar desperta-la.
- Não adianta Pegaso, eu envenenei o meu jardim, e aprisionei Atena nele. Ela respirou o profundo veneno de minhas flores por um longo tempo, sem contar que ela perdeu grande parte do seu sangue. Veja os ferimentos...
Era verdade, Saori estava ferida em um dos braços e no pescoço com alguns cortes profundos.
Ela prosseguiu:
- Thorn retirou grande parte do sangue dela com seus espinhos sagrados...
- Não... Aquele cretino...
- Sangue esse, que banhou a armadura dele, tornando-a divina.
Afrodite não conseguia esconder a enorme alegria que estava sentindo naquele momento.
Seiya apesar de angustiado, deu um leve sorriso.
- Engraçado! Como alguém como você, se diz digna de ser a deusa da beleza... Você é negra por dentro, não tem nada de belo dentro de você...
- Sinto muito se não consegue enxergar a minha beleza...
- Não falo da beleza exterior, mas sim da interior... Essa é a beleza que realmente importa...
- Não preciso disso Pégaso...
- A beleza é superficial Afrodite!
- Não para mim, uma deusa...
- Você é um monstro! Nunca encontrei alguém como você antes, sua beleza é uma farsa. Sua beleza não passa de uma carcaça que esconde quem você realmente é.
- Pare de dizer bobagens Pégaso! – protestou Afrodite furiosa. – Não vou permitir que me insulte mais...
As lagrimas agora desciam como uma cachoeira dos olhos de Seiya.
- Afrodite, você me tirou um bem muito precioso...
Afrodite se conteve de atacá-lo.
- Será uma honra fazer você se unir a ela. Pense pelo lado bom...
Seiya a interrompeu.
- Lutarei com você... Mas antes...
Seiya olhou profundamente para o rosto de Saori.
- Atena... Eu sinto muito... – algumas lágrimas de profunda tristeza caíram no rosto dela. – Eu sinto muito mesmo...
Dizendo isso, ele não se conteve e a beijou docemente. O impulso foi maior do que ele. Em seguida ele retirou a sua face do rosto de Atena com rapidez.
- O que? – Afrodite fez uma cara estranha.
Não demorou muito, Saori abriu os olhos.
- Seiya... – falou ela bem baixo.
Seiya não conseguia acreditar no milagre que acabara de acontecer. Enxugando os olhos com uma das mãos ele retribuiu sorrindo:
- Saori... Você está bem...?
Saori tentou se levantar.
- Calma Saori...Você... – o cavaleiro ajudou a deusa a ficar de pé.
- Eu estou bem, Seiya. – disse ela sorrindo.
Finalmente de pé, Seiya conseguiu sentir o cosmo de Saori brilhar de novo. Todos estavam agora frente a frente.
- Não, não pode ser... – Afrodite estava perplexa.
- O que houve Afrodite? Sinto muito, mas você não conseguiu... – disse Saori com um leve sorriso.
- Atena, como pode...?
- Sou eu quem te pergunto isso...
- Eu estava quase conseguindo... Meus planos vieram por água abaixo... MALDIÇÃO!
- Saori, eu... – Seiya tentou falar com a deusa.
- Deixe tudo agora comigo Seiya. – disse ela brandamente, ainda encarando Afrodite. – Vocês já fizeram demais por mim...
Seiya se calou.
O cosmo de Atena queimava agora como o de um deus pronto para atacar.
- O que vai fazer Atena?
- Não é obvio?
- Não está pensando...
- Só uma coisa, por que você está interferindo no meu caminho? – perguntou Saori seria. - Somos deusas, devíamos resolver os fatos de maneira justa...
- Atena você corrompeu a terra completamente. Todos os outros deuses não estão satisfeitos com a forma que você a domina.
- Isso é impossível! Eu faço tudo o que está em meu alcance pela terra...
- Você está guiando esses sanguinários guerreiros. Um crime imperdoável!
- Meus cavaleiros também lutam pela justiça, será que não consegue entender isso?
- Não! Você deveria ter morrido com o veneno das minhas rosas, mas vejo que terei que usar uma forma bem mais cruel... O sofrimento será pouco para pagar os seus pecados.
- Afrodite, estamos em pé de igualdade agora. Se tentar me atacar, com certeza não saíra impune...
- Pagarei para ver isso Atena.
- Por favor Seiya, saia daqui e não interfira, essa é uma luta entre deuses...
- Mas Saori...
- Você me ouviu Seiya! – falou ela em um tom duro.
Seiya não concordava, mas era uma ordem de Atena.
- Estou esperando Afrodite...
- Vai se arrepender Atena...
- PAREM!
Uma voz ecoou pelo imenso jardim. Era uma voz um tanto áspera, e era o tipo de voz que ninguém ousaria contrariar.
De repente o céu escureceu, formando varias nuvens de tempestade.
- O que está acontecendo...? – Seiya se assustou.
- Não pode ser... – Saori falou bem baixo.
Afrodite também olhou para o céu que agora se encontrava negro como a noite. Uma nevoa de mesma cor comprimia totalmente o local. Um ser misterioso desceu lentamente dele. Ele parou no ar. As inúmeras nuvens negras o escondiam, e era possível apenas ver o seu vulto prateado. Mas havia uma coisa que todos identificaram. Em uma das mãos, ele segurava algo parecido com um báculo em forma de raio. Ele estava acompanhado por outras duas figuras, uma de um lado e outra do outro.
Seiya conseguiu identificar os dois na hora.
- Ártemis e Apolo...?
Os irmãos gêmeos Ártemis e Apolo também estavam parados no ar, precisamente acompanhado o supremo deus do centro. Seiya já havia lutado contra eles antes, mas por estranho que parecesse, ele não conseguia se lembrar da conclusão da luta. Mas agora uma coisa ele tinha certeza, ele não havia vencido. Ártemis estava com o corpo completamente oculto pela nevoa, apenas a sua face era vista perfeitamente. Apolo pelo contrario, era possível ver que ele estava trajando uma armadura reluzente.
- Pelo que vejo, continua a erguer suas mãos imundas contra os deuses. – falou Apolo furioso.
- E você Atena, o que tem a nos dizer? – perguntou Ártemis seria.
Saori ficou pasma.
(- Não pode ser, então finalmente chegou o momento...) - pensou ela angustiada.
- Afrodite, abandone esse lugar agora e venha conosco. – falou o grande deus do centro.
- Claro! – ela não hesitou, concentrou-se imediatamente, e uma esfera de luz a levou para junto dos outros deuses.
Seiya e Atena continuaram a olhar para cima
- Atena, por que está fazendo isso...? – perguntou o grande deus num tom triste.
- Você tem que me escutar...
- Mais respeito com o mestre Atena... – vociferou Ártemis.
- Ele veio aqui, por que tem algo muito importante para falar – complementou Apolo.
- Escute Atena – começou o grandioso deus. - Falta pouco tempo para a reunião dos doze deuses novamente, muito pouco... – ele fez uma pequena pausa. - Quando esse dia chegar, a terra será completamente apagada da face terrestre e construiremos um novo mundo. Um mundo novo, onde não haverá essas terríveis desordens atuais.
- Você não pode fazer isso...
- Se você se unir a nós a tempo, também será salva. Estou te dando mais essa chance. Portanto, pense bem, eu ainda posso te perdoar...
Eles foram desaparecendo nas nuvens novamente.
- Espere! Precisa me escutar...
- Não se esqueça, falta muito pouco para o grande retorno, você não tem muito tempo, por isso decida rápido...
Dizendo isso eles desapareceram completamente.
O céu se clareou novamente e foi ganhando aos poucos o seu esplendor.
- Oh não...! – Atena caiu de joelhos no jardim.
- Saori... Aquele era...
- Sim Seiya, o que eu mais temia finalmente está se aproximando...
- Está com medo Atena?
Ela não respondeu, apenas se levantou novamente e deu as costas ao cavaleiro.
- Vamos embora daqui! Onde estão os outros?
- Dentro do templo...
Caminhando lentamente, eles deixaram o jardim...

(-Venha o que vier, eu nunca vou desistir, vou sempre lutar com os meus sagrados cavaleiros até o fim, eu juro!) Era a única coisa que Saori tinha em mente.

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